Baianas são símbolos de fé e devoção na Lavagem do Bonfim
A baiana Eliana Soares ingressou na tradição há 48 anos. Ao sair da escola, passou pelo cortejo da Lavagem do Bonfim e fez uma promessa: se passasse no vestibular, participaria da próxima celebração ao lado das baianas. Ela é um exemplo de como essas mulheres são exemplos de fé e devoção na celebração religiosa e popular mais tradicional da Bahia.
Segundo ela, o Senhor do Bonfim atendeu ao pedido com prontidão. Foi aprovada no curso de ciências contábeis na Universidade Federal da Bahia (Ufba) e, no ano seguinte, cumpriu a promessa. Depois de décadas de formada e com a aposentadoria próxima, ela segue na lavagem da escadaria e acompanha a caminhada com mais de seis quilômetros.
“Meus pais me deixaram vir e tomei gosto. Hoje em dia, vem a família inteira para celebrar. Depois de dois anos de pandemia, vim agradecer a minha saúde”, contou.
Carregando a imagem de Santa Dulce, a baiana Ivine Maria Machado lavou as escadarias do Bonfim. Ela tem fé que a santa foi a responsável por um milagre na vida da sua família. “Já tive meu filho curado. No dia que os ossos de Santa Dulce saíram da Basílica, meu filho foi curado”, lembra.
O sincretismo é um dos principais marcos da Lavagem do Bonfim, que reúne fieis de religiões cristãs e de matrizes africanas. Muitas vezes, até pessoas que não acreditam em um Deus, sobem a Colina Sagrada para participar dos festejos.
Nessa segunda quinta-feira do ano, cristãos tomam banho de pipoca, ateus se benzem com folhas e todos cantam o hino do Senhor do Bonfim, que completou 200 anos nessa edição do festejo.